Comemorado em 29 de agosto, o Dia Nacional de Combate ao Fumo tem como
objetivo reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da
população brasileira para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais
causados pelo tabaco. Criado em 1986, pela Lei Federal 7.488, foi a primeira
legislação em âmbito federal relacionada à regulamentação do tabagismo no
Brasil. Estava inaugurada, de forma ainda tímida, toda uma normatização voltada
para o controle do tabagismo como problema de saúde coletiva.
Foi em meados da década de 80 que o consumo de cigarros pela população
brasileira atingiu seu maior patamar. No final da mesma década, o primeiro
inquérito nacional revelou que 32,4% dos brasileiros acima de 15 anos consumiam
cigarros ou outros produtos derivados do tabaco (PNSN, 1989).
De acordo com a Lei, "O Poder Executivo, através do Ministério da Saúde,
promoverá, na semana que anteceder aquela data, campanha de âmbito nacional,
visando a alertar a população para os malefícios do uso do fumo". Desde
então, o Ministério da Saúde — por meio do INCA tem realizado ações de
conscientização para celebrar a data.
Em 2013, o tema escolhido para o Dia Nacional de Combate ao Fumo é o uso
de narguilé e a iniciação ao fumo. O cachimbo de origem oriental vem se
popularizando entre jovens no Brasil e no mundo, destacando-se como o preferido entre os derivados do tabaco, que não o
cigarro industrializado. De uso coletivo e aparência exótica, o narguilé pode
parecer menos agressivo que outros produtos
fumados, por usar um filtro d'água e, muitas vezes, aromatizantes e
flavorizantes (aditivos que conferem sabores
agradáveis ao tabaco). Mas em longo prazo, causa câncer de pulmão, boca e
bexiga, estreitamento das artérias e doenças respiratórias.. Além disso, ao
compartilhar o narguilé com outros usuários, você se expõe a herpes e outras a
doenças da boca, hepatite C e tuberculose.
A campanha deste ano tem como objetivo informar jovens e adultos dos riscos
de fumar narguilé. É uma campanha de massa, com foco no público jovem e adulto
(aproximadamente de 16 a 50 anos), de ambos os sexos, incluindo fumantes ou não.
A opção por focar o público jovem parte da estratégia para prevenir a iniciação
e a experimentação (que ocorre principalmente na faixa etária de adolescentes e
jovens, aproximadamente entre 13 e 25 anos).
O narguilé, também é conhecido como cachimbo d' água ou shisha ou Hookah - é
um dispositivo para fumar no qual o tabaco é aquecido e a fumaça gerada passa
por um filtro de água antes de ser aspirada pelo fumante, por meio de uma
mangueira. Por utilizar mecanismos de filtragem, o consumo de narguilé é visto
como menos nocivo à saúde. Mas, na verdade, seu uso é mais prejudicial do que o
de cigarros. Segundo a Organização Mundial da Saúde (2005), uma sessão de
narguilé dura em média de 20 a 80 minutos, o que corresponde à exposição a
todos os componentes tóxicos presentes na fumaça de 100 cigarros.
Estudos associam o uso de narguilé ao desenvolvimento de câncer de pulmão,
doenças respiratórias, doença periodontal (da gengiva) e com o baixo peso ao
nascer, além de expor seus usuários a de nicotina em concentração que causa
dependência. Após 45 minutos de sessão, o narguilé aumenta os batimentos
cardíacos e a concentração de monóxido de carbono expirado.. Ocorre também maior
exposição a metais pesados, altamente tóxicos e de difícil eliminação, como o
cádmio. Em longo prazo, seu consumo pode causar câncer de pulmão, boca e
bexiga, aterosclerose e doença coronariana. Mas os riscos do uso do narguilé
não estão somente relacionados ao tabaco, mas também a doenças
infectocontagiosas: compartilhar o bocal entre os usuários pode resultar na
transmissão de doenças como herpes, hepatite C e tuberculose.
Dados da Pesquisa Especial sobre Tabagismo (PETab) - realizada em 2008 pelo
IBGE em parceria com o INCA, - apontaram que o cachimbo de origem oriental
tinha, na época, quase 300 mil consumidores no país. Vale destacar que o
narguilé tem uma característica peculiar: um único cachimbo pode ser usado por
várias pessoas simultaneamente. Isso reforça o aspecto da socialização, algo
muito atraente especialmente para os jovens.
Informações da pesquisa Vigescola evidenciaram a alta prevalência do consumo
do narguilé entre escolares de 13 a 15 anos em 2009. Em São Paulo (SP), 93,3%
dos entrevistados que consumiam outros produtos de tabaco fumado, além do
cigarro industrializado, declararam usar o narguilé com maior frequência. Em
Campo Grande (MS), 87,3% dos estudantes ouvidos disseram preferir o cachimbo
oriental. Já em Vitória, o percentual ficou em 66,6%.
O mesmo panorama foi constatado pela pesquisa Perfil do Tabagismo entre
Estudantes Universitários no Brasil (PETuni) do Ministério da Saúde entre
universitários de alguns cursos da área da saúde: em Brasília (DF) e São Paulo
(SP), em 2011, dos estudantes que declararam consumir com frequência algum outro
tipo de produto derivado do tabaco, de 60% a 80%, respectivamente, fizeram uso
do narguilé.
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